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“Dir-se-ia que, atualmente, o Estado considera cada cidadão um terrorista virtual. (...) Uma cidade cujas praças e ruas estejam controladas por câmaras não é mais um lugar público: é uma prisão." Giorgio Agamben em Ecologia (2016, p. 199), Joana Bértholo OMNISCIÊNCIA: Estratégias de fractura e fuga apresenta obras que exploram estética e conceitualmente tanto formas de vigilância tecnológica como estratégias de fuga e de rutura. Além da vertente central, artística, a exposição é composta por mais duas vertentes: a de investigação, apresentando-se como campo de estudo transversal às diferentes expressões culturais, da literatura às artes visuais; e a pedagógica, ao expor referências bibliográficas que informaram a construção concetual da exposição e diversos objetos quotidianos, que levam à reflexão e autoquestionamento sobre cada um de nós enquanto rastreadores e rastreados. A exposição apresenta a vigilância tecnológica como omnisciente, ou seja, sempre presente, invisível e protetora por um lado e por outro controladora, segregadora. A exposição possibilita o repensar da interseção entre humanos e tecnologias, inscritos em sistemas de controle e de resistência e, idealmente, cultivar o sentido de responsabilidade individual e coletivo.
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OMNISCIENCIA: ESTRATEGIAS DE FRATURA E FUGACURADORIA
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PROGRAMA ASSOCIADO COM A EXPOSIÇÃO2 Novembro
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OBRAS-- -- Live Streaming US (2016) Paula Albuquerque -- -- Vídeo e colunas de som -- -- Um ensaio visual que recorre de imagens geradas exclusivamente por webcams acessíveis ao público, nos Estados Unidos. O potencial cinematográfico da visualidade da vigilância, aparentemente aleatória, constitui um arquivo para futuro acesso e categorização. Aqui, é adicionada outra camada de interpretação às obras de Leo Gabin e Harmony Korine, elas próprias interpretações da produção visual contemporânea da cultura americana. // -- -- // Wash. Rinse. Repeat. (2020) Paula Albuquerque -- -- LCD e som -- -- Uma montagem de imagens térmicas, incluindo as geradas por drones armados e de vigilância, algumas delas provenientes de equipamentos defeituosos, acompanhadas por uma voz do narrador lendo uma carta escrita por um militar para um professor do MIT. // -- -- // Jennifer Lyn Morone™ (2014 - 2018) How to Become a Corporation — Market Share Jennifer Lyn Morone -- -- Vídeo dois canais e som -- -- Jennifer Lyn Morone registou, em 2014, a empresa Jennifer Lyn Morone™ Inc, tornando-se simultaneamente fundadora, CEO, accionista e produto utilizando o seus próprios recursos. Reflectindo sobre o valor da informação no contexto do capitalismo de vigilância, Morone propõe um modelo subversivo que concede ao indivíduo a possibilidade de tirar lucros da informação rastreada, analisada, minada e modificada sobre todas as instancias da sua vida: do lar ao trabalho. Neste vídeo promocional Jennifer Lyn Morone adopta a mentalidade capitalista enquanto alude e subverte a estética corporativa. // -- -- // Tracking SkyNet (2019-21) Filipe Vilas-Boas -- -- 4 chapas de alumínio gravadas e vídeo -- -- Tracking SkyNet documenta através da fotografia de longa exposição e do vídeo a órbita de um satélite de vigilância. As imagens foram captadas a partir do telescópio Alcor System de 600mm do observatório astronómico de Mars (Ardeche, França) que foi adaptado para monitorizar e capturar o movimento do satélite de vigilância SkyNet. Este gesto de observação a partir da Terra, subverte a lógica dos sistemas de surveillance que operam um controlo a partir de cima (watching over), reflectindo sobre o termo sousveillance (controlo a partir de baixo) cunhado por Steve Mann. // -- -- // Retratos de Ninguém (2019) Tiago Martins, João Correia e Sérgio Rebelo -- -- Instalação: projeção de vídeo, som mono, computador para captura de imagem e som -- -- A instalação apresenta-se como um espaço de reflexão acerca do modo como a tecnologia tem vindo a moderar e a modelar a forma como nos representamos e como nos relacionamos. Utilizando como matéria-prima imagens e sons dos visitantes, no espaço da instalação é criado um ambiente audiovisual em constante mudança, definido pela síntese, projeção e reprodução efémera de um conjunto de retratos fotorrealistas. A estes retratos é atribuída uma composição sonora a partir de sons produzidos pelos visitantes. -- --
ARTISTAS-- -- Paula Albuquerque (Reino Unido) vive e trabalha em Amesterdão (Holanda), é doutorada em Investigação Artística pela Universidade de Amesterdão, em colaboração com a Gerrit Rietveld Academy, e co-coordenadora do mestrado em Investigação Artística da Universidade de Amesterdão. É membro do Grupo de Investigação “Filosofia, Política e Artes” do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto, em Portugal. A sua obra experimental cinematográfica foi apresentada, entre outros, no Netherlands Media Art Institute, Museu Boymans van Beuningen, Museu Colecção Berardo, Bienal de Veneza, Museu de Arte de São Paulo, Museu de Arte Beijing Today, Fundação Calouste Gulbenkian. // -- -- // Jennifer Lyn Morone (USA, 1979) é uma artista multidisciplinar, designer e ativista sediada na Alemanha. O seu trabalho centra-se na experiencia humana em relação a tecnologia, economia, política, identidade e as questões morais e éticas relacionadas com tais sistemas. Morone tem apresentado o seu apresentado internacionalmente em instituiçoes, festivais, museus e galerias como ZKM (Karlsruhe), Kunsthalle Düsseldorf (Dusseldorf), Ars Electronica (Linz), HEK (Basel), Martin Gropius Bau (Berlim), Science Gallery (Dublin), Royal College of Art (Londres), The New School, Transmediale, SMBA, Carroll/Fletcher Gallery (Londres), panke.gallery, Aksioma, Drugo, entre outros. Morone co-lidera a organização sem fins lucrativos RadicalxChange Foundation. // + http://jenniferlynmorone.com + // Filipe Vilas-Boas (Portugal, 1981) é uma artista conceptual sediado em Paris. O seu trabalho, na forma de instalações, performances ou peças conceptuais explora a tecnologia, a digitilizaçao global e as suas implicações éticas e estéticas. Vilas-Boas tem apresentado internacionalmente em museus e galerias como Nuit Blanche Paris, Biennale Siana, Le Cube, The French Ministry of Culture, Biennale Némo - Le 104 (França), Athens Digital Art Festival, Monitor - Heraklion Contemporary Arts Festival (Alemanha), Zaratan, MAAT Museum (Portugal) e a Tate Modern (Reino Unido). // + https://filipevilasboas.com + // Coletivo Tiago Martins (Mamarrosa, 1990), João Correia (Coimbra, 1986) e Sérgio Rebelo (Ovar, 1993) formam um coletivo interdisciplinar que trabalha na interseção entre as ciências da computação, design e arte. Membros do Computational Design and Visualization Lab, um laboratório de investigação do grupo Cognitive Media Systems do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra, o coletivo explora abordagens de inteligência artificial para a construção algorítmica e dinâmica de artefactos. O seu trabalho tem sido apresentado nacional e internacionalmente, com participação em projetos, conferências e revistas científicas (destaque na capa da revista Leonardo) assim como em múltiplas exposições (Fundação de Serralves, Convento de São Francisco, Círculo de Artes Plásticas de Coimbra e Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado). -- --
CONVERSA-- -- Joana Bértholo (Lisboa, 1982) é escritora e dramaturga. Licenciada em Design de Comunicação na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa e Doutorada em Estudos Culturais pela European University Viadrina, na Alemanha. Publicou na Editorial Caminho vários romances, livros de contos e literatura infantil. O seu romance Ecologia foi semifinalista do Prémio Oceanos 2019, finalista do Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, finalista do Grande Prémio de Literatura DST e nomeado para o Grande Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Portuguesa 2019. O Museu do Pensamento recebeu o prémio de melhor livro infantojuvenil da Sociedade Portuguesa de Autores 2018 e do Prémio Literário de Fátima na mesma categoria. Recebeu diversos outros prémios: Prémio Jovens Criadores 2005; Menção Honrosa no Prémio Nacional de Literatura Juvenil Ferreira de Castro (1998); Melhor Argumento para BD (SOSracismo e editora Baleiazul, 1999); Prémio Escrevendo a Partir da Pintura (Fundação Calouste Gulbenkian, 2000); Melhor Ensaio O Movimento Olímpico (Comité Olímpico Português, 2000); Prémio Jovens Criadores – Literatura (Clube Português de Artes e Ideias, 2005); Menção Honrosa no Prémio UP-Utopia (Universidade de Letras do Porto, 2005); 1.º lugar no Concurso Literário Persona (2006). E finalmente o Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho (CMLoures, 2009) para o seu primeiro romance Diálogos para o Fim do Mundo (editorial Caminho, 2010). -- --
FILME-- -- Fordlândia Malaise (2019) de Susana de Sousa Dias -- -- Documentário / Experimental 41’ -- -- Fordlândia Malaise é um filme sobre a memória e o presente de Fordlândia, a cidade-empresa fundada em 1928 por Henry Ford, na floresta amazônica. O objetivo de Henry Ford era quebrar o monopólio britânico da borracha e produzir esse material no Brasil para a sua produção de automóveis nos Estados Unidos. Neste filme, a realizadora Susana de Sousa Dias recorre à tecnologia de drones para captar imagens fantasmagóricas, construindo uma narrativa que contraria a utilização convencional das imagens aéreas ao dar visibilidade a histórias pós-coloniais. O filme estreou no Festival de Berlim e tem arrecadado prémios um pouco por todo o Mundo. -- --
OBJETOS-- -- Baby Cam -- -- Microchip para animais de estimação -- -- Carteira em material bloqueador de sinal eletromagnético -- -- Guarda chuva amarelo -- -- Sensor de temperatura da zona técnica do Laboratório de Redes da Universidade da Maia -- -- Sensor de movimento da zona técnica do Laboratório de Redes da Universidade da Maia -- -- Cabo USB com escuta e geolocalização -- -- Relógio desportivo -- --
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AGRADECIMENTOSAs curadoras gostariam de agradecer a Alexandra Micaela Pereira Mendes, Alexandre Sousa, Claudia Freitas, Filipe Valpereiro, Inês Guerra e Jorge Campos.
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* A EXPOSIÇÃO É PARTE INTEGRATE DO PROGRAMA IRI — IMAGENS DO REAL IMAGINADO
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